quarta-feira, abril 17, 2024

Sem Cristo não há bom fruto


"Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer." - João 15:5. 

Custa-nos admitir que não podemos fazer algo por nós próprios que realmente frutifique. Nascemos mortos nos nossos pecados e sem Cristo não há vida espiritual. Assim como um ramo separado da videira não dá uvas, uma vida separada de Deus também não dá frutos espirituais. Para florir é necessário estar bem ligado à verdadeira vida - Jesus Cristo. 

Estar em Cristo é depender dele e obedecer-lhe, não só nas coisas que consideramos importantes, mas em tudo. Agir de forma independente, desprezando a comunhão com Jesus e com os nossos irmãos, é a garantia de uma vida infrutífera. As decisões isoladas no Corpo de Cristo normalmente são o fruto podre da carne pecaminosa. Somente quando estamos em estreita união com Cristo iremos produzir o bom fruto. Sem Cristo não podemos fazer nada que seja bom. Com Cristo, contudo, até o impossível se torna possível.

domingo, abril 07, 2024

Acima de tudo, Deus é amor

"Tentem, se puderem, ter uma ideia do que Deus é, e embora vocês tremam diante da Sua soberania, adorem a Sua santidade e glorifiquem a Sua justiça, lembrem-se de que Ele é, acima de tudo, amor. 'Deus é amor' e esse amor brilha em todos os atributos divinos. A Sua glória não é diminuída por nenhum deles. Todos os atributos de Deus convivem em harmonia, e o amor parece ser o centro exacto do círculo. Que nunca tenhamos medo de suplicar a Deus. Ele nunca se ofenderá quando oramos pelos pecadores, porque estamos a orar segundo a mente do Senhor."

In: R. C. SPURGEON. Sermões de Spurgeon sobre as grandes orações da Bíblia. Publicações Pão Diário, 2019, p. 22.

quarta-feira, abril 03, 2024

A Liberdade

Estamos a comemorar em Portugal os 50 anos da Revolução que aconteceu no dia 25 de Abril de 1974, também chamada de Revolução dos cravos. A liberdade é uma coisa preciosa, a liberdade espiritual que podemos desfrutar através da fé em Cristo é ainda mais. 

O Apóstolo Paulo incentivou os crentes da região da Galácia a estarem “firmes na liberdade com que Cristo nos libertou!” (Gálatas 5:1-15). Esta liberdade é a libertação dos falsos ensinos especialmente dos que defendem que os rituais religiosos podem salvar. As religiões aprisionam as pessoas, Jesus Cristo liberta. Não dá para aceitar que o sacrifício de Jesus é a única coisa que nos salva e depois esforçar-se por ganhar a salvação com rituais. Só existe uma maneira de alguém ser salvo, é crer que Jesus Cristo é o único Salvador e Senhor.

"Cair da graça" (Gl 5:4) não significa perda da salvação. Essa expressão significa que quem confia que será salvo pelas obras religiosas está a recusar a graça de Deus. Ainda está separado de Cristo. Quando Deus salva alguém essa pessoa está salva eternamente. Paulo diz que não faz diferença para Deus estar circuncidado ou não (Gl 5:6), porque para Deus não importa se a pessoa é religiosa ou não é religiosa. O que importa é a fé colocada em Cristo. É necessário firmeza nessa fé. Mas não é por nos mantermos firmes na fé que iremos ser salvos, é por sermos salvos que vamos permanecer firmes na fé.

As doutrinas falsas têm grande impacto na vida das pessoas e nas igrejas. A má doutrina é pão estragado para a boca, a sã doutrina é bom alimento. Aqueles que ensinam que os cristãos precisam guardar alguma parte da lei de Moisés estão a ir contra o evangelho de Deus. A punição é certa para esses falsos mestres. Há uma grande responsabilidade para os que ensinam e pregam a Palavra de Deus. O púlpito não é um lugar sagrado, mas é um dos lugares onde o servo de Deus deve pregar a verdade e a liberdade que há no Evangelho.

A liberdade com que Cristo nos libertou não é para vivermos de qualquer maneira (Gl 5:13). Não podemos abusar da liberdade que Cristo nos dá. A liberdade cristã não é libertinagem. Que nenhum cristão pense que por ser salvo pela graça de Deus tem licença para pecar. Cuidado com a liberdade autónoma. “O que é a liberdade autónoma? É a liberdade em que o indivíduo é o centro do universo. Liberdade autónoma é a liberdade sem restrições”, esclarece Francis Shaeffer. 

A liberdade de Cristo implica fé, santidade, compromisso e serviço. A vida do cristão deve ser uma vida de serviço ao Senhor e aos outros. É a fé manifesta em actos amorosos. Devemos rejeitar o zelo religioso que negligencia o mais importante da fé - o amor. Se a minha forma de falar e viver não espelha o amor de Cristo então eu não estou a viver o verdadeiro cristianismo.

Alguns irmãos das igrejas da Galácia estavam a criticar a verdadeira doutrina e a dar ouvidos ao erro. Isso estava a destruir a vida espiritual uns dos outros e a enfraquecer as igrejas locais. Uma coisa é discordar pontualmente, outra coisa é discordar da verdade. Uma coisa é ser do contra, outra bem diferente e perversa é ser sempre do contra. Essa não é a vontade do Senhor.

Cristo libertou-nos das amarras dos rituais e das regras religiosas. Cristo libertou-nos da condenação eterna. Libertou-nos do poder de Satanás e do reino das trevas. Estamos libertos do poder do pecado, porque o nosso homem velho foi crucificado com Cristo. Cristo libertou-nos do egoísmo, da vida centrada em nós próprios e das coisas materiais. 

O convite libertador de Jesus continua a ecoar hoje: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres.” - João 8:36. A verdadeira liberdade está em Cristo. 

segunda-feira, março 18, 2024

Tudo o que nos controla é o nosso dono

"Tudo o que nos controla é o nosso dono e senhor. A pessoa que procura o poder é controlada pelo poder. A pessoa que procura aceitação é controlada pelas pessoas a quem quer agradar. Nós não nos controlamos a nós próprios. Somos controlados pelo dono das nossas vidas."  

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  Rebecca Pippert (citado por Tim Keller no seu livro "Falsos deuses").

quinta-feira, março 14, 2024

Palavras no tempo e tempero certo


"Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo." - Provérbios 25:11. 

Acredito que as palavras certas ditas no tempo certo são poderosas. As palavras de incentivo, de encorajamento e de fé produzem um efeito transformador na vida das pessoas. Por outro lado, as palavras amargas, duras, revoltosas, ditas fora de tempo, expõe e espelham o coração doente de quem as fala. 

As palavras que apontam para a esperança maior - Deus, que nada têm a ver com palavras fantasiosas, fazem mais pela edificação das vidas do todas as outras palavras. Falar bem é muito mais do que ter boa oratória ou retórica. Saber falar bem é saber ouvir bem. É saber amar. A tom, o tempo e a motivação certa das palavras nem sempre é fácil, mas quando bem pontuadas e temperadas, as boas palavras dão o gosto certo à vida. A Palavra de Deus é sempre a palavra certa para todo o tempo.

domingo, março 03, 2024

A fé viva manifesta-se com obras

"Se a fé que professamos for uma fé nua, sem nenhuma evidência de obras, essa não é a fé salvadora. Trata-se, conforme disse Tiago, de uma fé 'morta', e não de uma fé viva. Uma fé viva mostra a sua vida pela obediência. Essas obras de obediência em nada cooperam com a justificação; porém, se não houver obras, a sua ausência é prova positiva de que não houve justificação."

In: R. C. SPROUL. Estamos juntos? São Paulo: Vida Nova, 2023, p. 74

terça-feira, fevereiro 27, 2024

Filho de Sara ou de Agar?


Os judaizantes não davam tréguas às igrejas da Galácia. Como Cristo não lhes bastava, obrigavam os novos cristãos a guardarem os rituais judaicos. Paulo estava perplexo com os crentes da Galácia por estavam a dar ouvidos a esses enganadores. Ainda hoje, muitos tentam oprimir as pessoas com leis e rituais. Usam força, coacção emocional, material e espiritual. O servo de Deus deixa o Espírito Santo convencer as pessoas e lidera pelo amor, serviço e exemplo.

Para explicar a liberdade que temos em Cristo, Paulo vai usar uma alegoria (Gl 4:21-31). É uma alegoria, não por ser uma história fictícia, mas porque é uma narrativa verdadeira que simboliza algumas verdades espirituais muito práticas e esclarecedoras. 

Abraão teve dois filhos, um de uma escrava chamada Agar e outro da sua esposa chamada Sara, que era livre. Deus tinha prometido que Abraão seria pai de uma grande nação. Só que Sara era estéril e os dois já eram muito velhos. Numa espécie de tentativa para “ajudar Deus”, Sara disse a Abraão para se deitar com a escrava Agar. Ela engravidou e assim nasceu Ismael. Mais tarde, no tempo determinado por Deus, Sara também engravidou e nasceu Isaque, o filho prometido. 
 
A primeira ligação que Paulo faz entre Agar e Sara, é que elas representam duas Alianças. Agar simboliza a Antiga Aliança e Sara a Nova Aliança. Assim como Agar era escrava, a Antiga Aliança também estava presa a leis e rituais. A Nova Aliança, representada pela Sara livre, está ligada à liberdade de que podemos desfrutar através de Jesus Cristo. 
 
Os dois filhos também simbolizam aspectos muito importantes. O filho de Agar, Ismael, é o filho da carne. Nasceu de modo natural, de uma mulher escrava, de uma relação fora do casamento. É o resultado dos desejos egoístas e da precipitação carnal. Isaque, por outro lado, é o filho da promessa. Nasceu de uma mulher livre, segundo a vontade de Deus e de modo sobrenatural.
 
John MacArthur disse que “a concepção de Ismael representa a maneira do homem, o caminho da carne, já a de Isaque representa a maneira de Deus, o caminho da promessa. A primeira é semelhante ao caminho do auto-esforço religioso e à justiça das obras; a segunda é semelhante ao caminho da fé e à justiça imputada por Deus. Um é o caminho do legalismo, o outro o caminho da graça.”
 
A seguir, Paulo vai explicar que Agar simboliza também o Monte Sinai, que corresponde à cidade de Jerusalém. Isso era verdade por três razões. A primeira razão é porque a lei estava ligada ao Sinai, uma vez que foi dada por Deus nesse Monte, a Moisés e a Israel. A segunda razão, é porque em Jerusalém naqueles dias não existia liberdade total. Jerusalém estava cativa e amordaçada pelo império romano. A terceira razão, que é a pior escravidão de todas, estava relacionada com o fanatismo e o legalismo religioso dos judeus na "Cidade santa". Foi essa escravidão cega da religião que impediu que muitos Escribas, Sacerdotes, Fariseus e muitos judeus aceitassem o Messias Jesus, que veio para os salvar. 
 
Mas se Agar simboliza a Jerusalém terrena que está escravizada, Sara simboliza a Jerusalém livre, que é de cima, a Jerusalém celestial. A Jerusalém de cima, Paulo diz ser a nossa “cidade mãe” (Gl 4:26). Aqui “mãe” é uma metáfora para mostrar que a nossa verdadeira cidadania e segurança está no céu, com Deus. Entramos nessa Jerusalém celestial, não pela Lei, nem pelas boas obras ou rituais religiosos, mas somente pela graça e pelo sangue redentor de Jesus 
 
Paulo termina a alegoria dizendo que nós, os crentes em Jesus, "somos filhos da promessa, como Isaque” (v. 28). Ismael é o filho da carne, Isaque é o filho da fé. Isaque simboliza o novo pacto, a Aliança da graça, que tem origem em Deus e que trouxe a salvação e a libertação por Jesus Cristo. As pessoas que tentam conquistar Deus e a Sua salvação na força da carne, com boas obras e esforços humanos estão escravizados. A velha Aliança é a aliança das obras e baseia-se no esforço humano. A nova Aliança é a aliança da fé e fundamenta-se na obra exclusiva de Cristo e na graça de Deus. 
 
Se Agar simboliza o esforço humano que aprisiona a pessoa nos seus pecados e se Sara prenuncia a graça de Deus que oferece perdão e liberdade espiritual, fica a pergunta: És filho de Sara ou de Agar? 
Que possamos fazer nossas as palavras de Paulo aos Gálatas 4:31: “Sou filho, não da escrava, mas da livre!” Tudo isso acontece, não através de ritos religiosos, mas somente pela graça de Deus e pelos méritos de Jesus, quando cremos nele.